Tecnologias de ponta em estudo na Celtejo

Tecnologias de ponta em estudo na Celtejo

O tratamento de águas e efluentes industriais é uma preocupação da empresa que está empenhada em reutilizar a água dos efluentes no processo de produção. Para alcançar essa realidade, está a testar três tecnologias diferentes para perceber a que melhor se adapta às necessidades de produção da fábrica

Onde se pode encontrar, ao nível mundial, tecnologia de ultrafiltração aplicada a efluentes industriais na produção de pasta e papel? Na Celtejo. Comprometida com a ecoeficiência, a empresa do grupo Altri, está a desenvolver um plano que permita à unidade fabril evoluir para um novo modelo industrial de economia circular mais sustentável.

Esta preocupação existe e está a ser acompanhada de investimentos, que materializam o compromisso ambiental da Celtejo com a sustentabilidade do meio ambiente, sem comprometer a qualidade da pasta de papel ou a eficiência dos processos de produção. Bons exemplos disso são a implementação da nova Caldeira de Recuperação, a nova Desmineralização e, sobretudo, a nova Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI).

A ideia por trás destes investimentos é poder fazer a recuperação de efluentes e a sua reutilização no processo de fabrico, o que eleva a fasquia, pois força os limites da tecnologia actual para a adaptar às caraterísticas do efluente a tratar e das especificações da água de processo.

Esta reutilização de permeado (efluente tratado) será uma realidade ainda em 2018, mas a boa prática industrial manda começar com taxas de reutilização mais baixas, 15% a 20%, analisar o impacto no processo, efectuar ajustes necessários e, só depois, traçar metas mais ambiciosas.

Para cumprir este objectivo, várias empresas de referência no sector de tratamento de águas e efluentes responderam ao desafio lançado pela Celtejo e, como tal, iniciaram o estudo de alternativas tecnológicas em instalações­‑piloto montadas na fábrica de Vila Velha de Ródão.

Importa lembrar que a instalação actual já produz um efluente permeado, com parâmetros ao nível das melhores práticas mundiais para este sector de actividade. Esta afirmação é fundamentada por publicações de investigação operacional efectuadas por investigadores de todo o mundo em fábricas semelhantes e por empresas especializadas em bases de dados sobre o sector da produção da pasta de papel. É este permeado, previamente tratado, que terá de passar por etapas adicionais de tratamento para reduzir a cor e alguns sais dissolvidos.

Três tecnologias em análise

A Celtejo possui em teste três tecnologias distintas: Osmose Inversa (OI), Electrodiálise Reversível (EDR) e Ozonização.  Todos os processos testados têm um efeito relevante sobre a redução da cor do efluente pelo efeito de retenção ou oxidação da carga orgânica residual ainda existente no permeado à saída da ETAR. A OI e a EDR actuam ainda sobre os sais dissolvidos gerando, além do permeado clarificado, um rejeitado rico em sais.

A Ozonização é claramente a tecnologia mais simples, sendo o ozono produzido localmente e injectado directamente na corrente a tratar. É uma tecnologia eficiente, como se ilustra na imagem n.º 1, mas de energia intensiva que, no caso da Celtejo, provém de fontes renováveis. Não necessita de adição de químicos de regeneração, podendo inclusive contribuir para a redução da adição de coagulantes e floculantes no processo principal.

As tecnologias de membranas, na foto n.º 2, reduzem igualmente a cor, mas actuam ao nível da redução de sais, fazendo com que sejam tecnologias a ter em conta na recuperação de efluente tratado para o processo. A lei de Lavoisier obriga no entanto a que se encontre uma solução ambientalmente aceitável para o rejeitado produzido nestas instalações.

A recuperação de efluente para o processo reduz a necessidade de captação de água do rio, com o inerente custo energético e uma redução das taxas devidas ao Estado português por esse motivo. Introduz, no entanto, um custo operacional que poderá ser significativo e que terá de ser incorporado no custo global do produto, reduzindo a competitividade da Celtejo no mercado internacional, por oposição a concorrentes que não têm o nível de exigência imposto a esta empresa.

Carlos Coelho, director da Celtejo, refere que este é “um passo decisivo face às restrições de caudal impostas à empresa, para permitir atingir níveis de produção que possam garantir minimamente a continuidade do negócio, até que dados objectivos possam ser aferidos, sem margem para dúvidas na comunidade em geral, do real impacto da Celtejo no seu meio envolvente”.

Testes­‑piloto respondem a três questões fundamentais

1. Quais são as tecnologias com maior potencial?
2. Que alterações têm de sofrer essas tecnologias para obter boas eficiências no tratamento do efluente da fábrica?
3. Qual será em estimativa o CAPEX e o OPEX de cada uma das soluções tecnológicas com maior potencial?