Altri Bonds 50, Valorizar a prevenção
“Think global, act local.” Este poderia ser o mote para o mais recente projeto desenvolvido pela Altri Florestal. Apostando numa estreita cooperação com as autarquias e outros organismos, a Altri quer mudar mentalidades na forma como as populações e os agentes locais gerem a biomassa florestal residual. Através da criação de parques de recolha de biomassa, o projeto contribui para a redução dos riscos de incêndio, para a redução das espécies invasoras e para a valorização da biomassa.
Se o plástico, o cartão ou o vidro têm hoje espaços próprios e dedicados para serem depositados e posteriormente reciclados, por que não transportar a mesma filosofia de pensamento para a recolha da biomassa florestal? Esta é uma das ideias que está subjacente ao projeto Altri Bonds 50, uma iniciativa do Grupo Altri que pretende fomentar a colaboração entre o setor privado, o setor público e diferentes organismos para valorizar a biomassa florestal e melhorar a gestão ativa dos espaços florestais.
Através da aposta numa relação de grande proximidade com as comunidades, o Grupo Altri quer contribuir para “a criação de uma cultura aberta transformadora e agregadora, que não se sinta limitada ao espaço interior da sua organização”, nas palavras do seu CEO, José Soares de Pina. Com este propósito maior em mente, a Altri Florestal está a desenvolver o programa Altri Bonds 50 que prevê um conjunto de ações concretas junto das comunidades locais com o objetivo de valorizar o território, promover boas práticas para a gestão da biomassa residual das florestas, preservar o capital natural das regiões, contribuir para a diminuição do risco de incêndios, dinamizar a economia circular e também desmistificar e esclarecer as populações sobre alguns mitos que ainda perduram sobre a atividade florestal no nosso país e, em especial, sobre o eucalipto.
Os primeiros passos para a materialização do projeto no terreno já foram dados com a assinatura de protocolos de cooperação com diversos municípios, juntas de freguesia e outras entidades para a criação de parques de recolha de biomassa. Neste momento encontram-se em funcionamento vários parques de recolha de biomassa – a maioria deles no Município de Penacova, o primeiro a aderir a este programa.
Diminuir o risco de incêndio valorizando a biomassa florestal residual
Tiago Cordeiro, Gestor de Abastecimento de Madeira e Biomassa na Altri Florestal, explica o foco de atuação deste programa inovador, bem como os problemas que pretende ajudar a resolver: “Este projeto é um reflexo da transposição da responsabilidade social da Altri Florestal para a comunidade, sobretudo para as comunidades do Interior do nosso país, que se encontram um pouco desertificadas e têm áreas florestais muito desordenadas. São zonas que se debatem todos os anos com uma problemática bastante grave, os incêndios florestais. Assim, este projeto surge como uma vertente social, de ajuda e interligação entre a indústria, a fileira florestal e a comunidade em geral”.
Como pretende o Grupo ajudar as regiões do interior do país a mitigar estes riscos de incêndio?
Sabendo que a biomassa, quando mal gerida, é um fator-chave para a propagação dos incêndios e gera problemas de diversas ordens, a Altri Florestal quer ajudar as comunidades a dinamizar a retirada desta biomassa desordenada dos terrenos, diminuir o número de queimadas – que além de comportarem riscos de incêndio, exercem igualmente um impacto negativo em termos ambientais, devido às emissões de CO2 – e canalizar esta biomassa para a produção de energia elétrica, dinamizando assim, a economia circular destas regiões. Mas, para isso, é preciso operacionalizar uma profunda mudança cultural e de mentalidades. Recorde-se que a biomassa florestal é composta por todo o material orgânico que existe nas árvores, desde a raiz até às folhas, incluindo a casca e os ramos. Inclui também os matos, bem como os resíduos de limpeza da floresta e os desperdícios que resultam da atividade humana doméstica – nomeadamente, as sobras de manutenção de jardins, podas da vinha, pomar ou olival. E embora as populações ainda desconheçam os benefícios e utilizações destes materiais para a produção de energia verde, é importante alterar este paradigma e dinamizar a valorização energética dos diversos concelhos.
Tiago Cordeiro explica o que é necessário acontecer, fazendo um paralelismo com o setor da reciclagem: “Há 20 anos, se pensássemos que teríamos de separar o vidro, o plástico ou o cartão e que iríamos depositá-los num sítio apropriado, nessa altura ninguém daria importância à separação do lixo. Acreditamos que este tipo de matéria-prima [a biomassa florestal residual] deve ser tratada da mesma forma: deve ter sítios apropriados para a sua deposição, ao contrário do que acontece atualmente, em que muitas pessoas optam por fazer queimadas da vegetação que, frequentemente, conduzem a incêndios”.
Altri Bonds 50: atuar em rede para transformar as comunidades
Ciente que uma entidade sozinha dificilmente conseguirá exercer impacto e introduzir mudanças significativas nas comunidades, a estratégia do Grupo passa por atuar em rede. Isso mesmo é sublinhado por Henk Feith, Diretor de Estratégia e Desenvolvimento Florestal da Altri Florestal: “A empresa procura desenvolver a sua atividade em estreita colaboração com as comunidades locais onde está inserida, de forma a induzir efeitos positivos nos territórios e nas suas populações”. Desse modo, o programa Altri Bonds 50 prevê a realização de ações articuladas com autarquias, mas também com outro tipo de entidades como é o caso do Hospital Rovisco Pais (em Cantanhede), do Autódromo Internacional do Algarve, ou da Fundação da Mata do Bussaco, entre outros.
Em termos de metas a alcançar, a Altri Florestal ambiciona estabelecer compromissos, protocolos de cooperação ou cartas de intenções com 50 entidades em todo o país. Sendo que no total, as previsões apontam para que a biomassa recolhida ao abrigo deste programa tenha um peso de 5% do total de biomassa utilizada nas centrais térmicas de resíduos fl orestais do Grupo – o equivalente a 60 mil toneladas por ano, no primeiro triénio. Mas, mais uma vez, o sucesso do projeto está dependente da capacidade para sensibilizar e consciencializar as populações para a importância de implementação de melhores práticas na gestão da biomassa. “Tudo vai depender um pouco da pedagogia que será utilizada para sensibilizar as pessoas. É um programa que requer muito tempo, sensibilização e intervenção do Estado português – nomeadamente, através das câmaras municipais – sensibilizando as pessoas a não queimarem a biomassa, entregando-a nos sítios apropriados. Ou seja, será muito importante a interligação entre os municípios e a comunidade local”, destaca Henk Feith.
Como estão a ser operacionalizados os parques de como estão a ser operacionalizados os parques de recolha de biomassa?
Neste momento, existem já 15 parques de recolha de biomassa consolidados ao abrigo do programa Altri Bonds 50. Sendo que a maioria destes espaços (13) estão instalados no município de Meirinhas (Pombal) estabeleceu o protocolo de colaboração com a Altri Florestal para a criação de um parque desta natureza. Nestes parques, os cidadãos podem depositar de forma gratuita os seus resíduos florestais ou sobrantes agrícolas, sendo estes materiais posteriormente recolhidos e encaminhados para as centrais de produção de energia do Grupo Altri. Com isto, reduzem-se os riscos de incêndios provocados por eventuais queimadas descontroladas, ao mesmo tempo que se contribui para o controlo de espécies invasoras (ex: a acácia) e para a dinamização da produção de energia verde.
“O feedback da população a esta iniciativa tem sido muito positivo porque os parques, passado pouco tempo, voltam a estar cheios e é necessário esvaziá-los. Apesar de ainda não termos feito uma grande campanha de divulgação junto da população, notamos que as pessoas já se habituaram a levar os seus resíduos e a sua biomassa para estes parques”, afirma Álvaro Coimbra, Presidente da Câmara Municipal de Penacova.
PENACOVA
O município pioneiro na implementação do programa Altri Bonds 50
É no município de Penacova que a implementação do programa Altri Bonds 50 se encontra numa fase de maior maturidade. No total, o concelho conta com 12 parques de recolha de biomassa espalhados por todas as freguesias do município, aos quais acresce um parque central. Em entrevista, Álvaro Coimbra, Presidente da Câmara Municipal de Penacova, explica a importância deste protocolo de cooperação. “O nosso concelho é eminentemente florestal, já que mais de 80% da nossa área é composta por floresta, mas de uma forma desordenada: existem múltiplas parcelas e milhares de pequenos produtores. É, por isso, uma área muito difícil de gerir”, descreve. Como consequência deste retrato, o território é frequentemente fustigado por incêndios florestais.
“No ano passado tivemos dois grandes incêndios, sendo que um deles consumiu mais de 200 hectares, tendo mesmo ameaçado algumas populações. O desafio está em saber como mitigar estes riscos?” É precisamente neste ponto que entra a parceria com a Altri para ajudar a gerir a biomassa e evitar que haja mais queimadas. “O projeto tem resultado lindamente e o balanço é positivo”, assegura o presidente do município, adiantando ainda: “Temos outras ideias para aprofundar esta relação, nomeadamente, a possibilidade de termos um veículo elétrico para fazer a recolha da biomassa e também termos um pequeno contentor que possa ser disponibilizado para a população e permitir que as pessoas possam transportar os seus resíduos para os parques de recolha de biomassa”.
Combater as espécies invasoras e recuperar áreas ardidas: o outro lado do programa Altri Bonds 50
Os parques de recolha de biomassa são o pilar de ação mais visível do Altri Bonds 50, mas o projeto vai mais além. “O programa Altri Bonds 50 tem várias áreas temáticas, das quais algumas já têm implementação no terreno, enquanto outras estão na fase de desenvolvimento”, explica Henk Feith. A título de exemplo, o Diretor de Estratégia e Desenvolvimento Florestal da Altri Florestal exemplifica algumas iniciativas que estão a ser pensadas a nível local como é o caso dos projetos de combate a espécies invasoras (em Penacova), da recuperação de áreas ardidas (Cantanhede), da gestão coletiva de baldios (em Baião), do desenvolvimento de uma Special Advanced School para exploração florestal (na Figueira da Foz), ou a divulgação do geo-monumento Livraria de Mondego (em Penacova). Ao mesmo tempo, está também na calha o lançamento e a divulgação do biocontentor doméstico. Trata-se de um projeto inovador, de patente exclusiva da Altri Florestal, direcionado para o cidadão comum e que poderá ser utilizado para a triagem doméstica dos resíduos provenientes de podas, arranjos de jardins ou outras operações domésticas de limpeza. Uma vez que este biocontentor tem as dimensões de um porta-bagagens de uma viatura, este equipamento vai facilitar o transporte de biomassa proveniente das atividades domésticas dos cidadãos, estimulando o envolvimento e a adesão da população à massificação das boas práticas ambientais.
As questões ambientais e a sustentabilidade são temas que estão no centro das atenções dos atores políticos e empresariais há muito tempo, mas agora é urgente a tomada de soluções que acelerem a transição energética, e que também garantam a preservação da biodiversidade. Neste contexto, o projeto Altri Bonds 50 poderá ser um “game changer” na forma como serão geridos os resíduos florestais em Portugal e dar um contributo importante para a estabilidade e valorização do território.
Junta de Freguesia de Meirinhas aposta na recolha da biomassa e em ações de educação ambiental
Se o município de Penacova foi uma das primeiras entidades a aderir ao sistema de recolha de biomassa do programa Altri Bonds 50, a Junta de Freguesia de Meirinhas (em Pombal) é a mais recente instituição a assinar um protocolo de colaboração com a Altri Florestal. Foi no passado dia 27 de fevereiro, que foi dado o “pontapé de saída” para a instalação de um parque de recolha de biomassa florestal residual e agrícola naquela localidade. No âmbito deste protocolo a Altri Florestal compromete-se a prestar apoio técnico, nomeadamente no que diz respeito aos processos de recolha, transporte e entrega de sobrantes provenientes das operações de defesa da floresta contra os incêndios, de limpeza de matas, podas, cortes fitossanitários e outros trabalhos de manutenção de terrenos e espaços verdes, bem como de resíduos lenhosos agrícolas. Mas a cooperação com a população local estende-se a outras dimensões, nomeadamente, a da educação ambiental. Nesse sentido, está também previsto o desenvolvimento de projetos de dinamização para a educação ambiental junto das escolas da freguesia.