Promover e acompanhar a biodiversidade
Uma das tarefas menos conhecidas da Altri Florestal é a gestão e a proteção do seu património de áreas de conservação de elevado interesse ambiental que corresponde atualmente a cerca de 8.000 hectares.
A produção de pasta de papel exige um compromisso que assegure a compatibilização de uma floresta produtiva que não pode existir de forma alienada da defesa da diversidade do património ambiental.
A Altri Florestal gere cerca de 80 mil hectares de floresta, dos quais 65 mil são utilizados para a produção de material lenhoso de eucalipto.
Quando se desenvolveu o processo de certificação florestal, a Altri Florestal começou a abordar de uma forma diferente os valores naturais e a conservação da biodiversidade, dentro da gestão florestal.
Houve uma mudança de atitude perante as áreas de conservação, que começaram a ser muito valorizadas, em parte devido aos requisitos normativos da certificação florestal, que promove a proteção de 10% da área total de floresta.
É dentro destes valores de grandeza, na ordem dos 8.000 hectares, que a Altri Florestal dá prioridade à conservação da biodiversidade, sobretudo em áreas com um valor ecológico considerado relevante. Foram desenvolvidos diversos projetos para saber que espécies aparecem nas áreas de conservação, que habitats, que vegetação e qual é a forma mais eficaz de a restaurar e de a proteger.
O objetivo destas intervenções é manter os valores de biodiversidade existentes ou melhorá-los. A maioria das vezes é manter, quando já se encontram num nível aceitável. Porém também se pode melhorar tais valores através do restauro e da plantação.
Atuação alavancada com parcerias
A Altri Florestal fez grande parte destes projetos através de parcerias com organizações não governamentais de ambiente, centros de investigação e com especialistas de diversas áreas como anfíbios, aves ou peixes.
“Tentámos perceber com cada um deles o que havia e que medidas tomar para manter ou melhorar os seus habitats”, diz Pedro Serafim, responsável pela Certificação Florestal e Biodiversidade da Altri Florestal, acrescentando que os esforços desenvolvidos começaram a trazer resultados positivos, uma vez que conseguiram manter ou aumentar os valores de biodiversidade existentes nessas zonas. Pedro Serafim explica que “as áreas de baixa aptidão para o cultivo do eucalipto são frequentemente alvo de projetos de reconversão para restaurar a vegetação natural autóctone”.
Habitats que se destacam pelo valor natural
Os habitats que se destacam pelo seu valor natural são os bosques e os montados no Centro e Sul do País. O carvalho, as azinheiras e os sobreiros são os mais destacados porque são florestas que já se encontram num nível de maturação interessante e que têm valores associados de biodiversidade muito elevados.
Depois surgem os medronhais e outros habitats arbustivos, que estão presentes de norte a sul do País, da serra algarvia, em Monchique, a Arouca, por exemplo.
“São áreas importantes para a biodiversidade local e são habitats perturbados por causa do fogo, mas é importante mantê-los porque são uma etapa a meio para chegar aos tais bosques.
Se protegermos estes habitats conseguimos promovê-los, num futuro não muito distante, para chegar aos bosques de carvalho, de sobreiral ou de azinhal”, diz Pedro Serafim, que chama a atenção para outra área de proteção com habitats diferenciados: as galerias de vegetação à volta dos rios e ribeiras.
“As ribeiras do património têm as chamadas florestas ribeirinhas: amiais, freixiais, salgueirais, que são importantíssimas.” São habitats lineares e pequenos, mas são importantes porque a biodiversidade é maior do que em encostas com sobreirais ou medronhais.
Nestes espaços, por vezes em troços muito pequenos, é possível encontrar peixes, répteis, anfíbios, insetos e aves. Toda a cadeia está presente num espaço muito confinado porque existe um elemento que faz a ligação, o corredor ecológico, que é a água.
Indicadores de biodiversidade
No património da Altri Florestal também se pode encontrar o abutre-preto, uma ave de rapina ameaçada e, em alguns locais como no Tejo internacional, Monchique e Montejunto, no Oeste, há uma presença relevante de outras aves de rapina como a águia-perdigueira (águia-de-bonelli).
Em relação às espécies ameaçadas de anfíbios e répteis, a salamandra-lusitânica costuma estar nos pequenos troços de ribeiras de montanha.
O grupo das borboletas, libélulas e as libelinhas são também importantes indicadores da biodiversidade presente nestes habitats. A existência de uma diversidade de flora e de habitats ribeirinhos influencia o número de espécies de borboletas presentes nesse espaço. “São indicadores fáceis de acompanhar”, diz Pedro Serafim.
Os mais fáceis são as aves, porque são as mais visíveis, mas os invertebrados são uma parte importante da cadeia mais a baixo e as borboletas, as libélulas e as libelinhas são indicadores que numa pequena visita pela floresta conseguem ser vistas e permitem perceber rapidamente se aquele local tem uma elevada diversidade ou não.