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Há quem não abdique da leitura física e há quem prefira não ter papéis constantemente a acumular em qualquer lado. Será que ler num ecrã é igual a ler em papel?
Estudos mostram que é mais fácil compreender e memorizar o que é lido em papel. Sobretudo para as crianças. Esta realidade nem sempre serve como fator de desempate. Muitos trabalham, obrigatoriamente, com recurso a um computador e se falarmos das muitas crianças e jovens em fase escolar podemos concluir que se caminha para uma educação cada vez mais digital. Quem tem filhos saberá que já é comum os professores partilharem objetivos, fichas, resumos das aulas por email. Cabe ao aluno decidir se prefere imprimir todos os ficheiros recebidos ou optar por ler, apontar, organizar e escrever diretamente no documento digital.
Um estudo recente da Universidade de Valência revelou que ler em papel é mais eficaz do que ler em digital, sobretudo quando se está sob pressão temporal.
Há vantagens e desvantagens para ambos os lados, mas será que, para a visão, ler e escrever em qualquer um dos suportes é exatamente igual?
Digital e a concentração
Numa leitura em ecrã, o leitor deve concentrar-se a 100% no texto que lê, um processo que nem sempre corre bem se for adotado um modo de leitura superficial. Este aumento de concentração para ignorar os estímulos envolventes, típicos do digital, pode obrigar a um maior esforço da visão, o que significa que a probabilidade de vir a sentir dores de cabeça e de se queixar de cansaço visual depois de algumas horas é bastante alta.
Não podemos esquecer outras desvantagens como o facto de a luz azul nociva não beneficiar em nada uma noite relaxante. Apesar de vários dispositivos oferecerem já a opção de bloquear a luz azul após determinada hora, é importante ter este fator em consideração.
Mas tem outras vantagens muito importantes… Trabalhar e estudar no digital permite adaptar a fonte e o tamanho para uma leitura facilitada. Contudo, é preciso ter em atenção a luminosidade e a postura corporal durante leituras prolongadas. Quem tem intolerância à luminosidade excessiva deve ter especial cuidado nas leituras digitais. É aconselhado o uso de óculos com lentes específicas. Para saber que lentes são mais adequadas, deve consultar um especialista da visão.
Estudar no computador pode dar asas à distração fácil: email, mensagens, notificações push…
Papel e a emoção
Ler em papel é acionar uma panóplia de sentimentos através dos sentidos. Ler em papel vai muito além da visão. Implica também o olfato, o tato e a audição. É uma experiência sensorial que funciona muitas vezes como forma de se transportar para o mundo descrito nas páginas. A sensação que fica é de que a tarefa de ler é menos de trabalho e mais de prazer. Mas ler em papel pode também ser desconfortável, tendo em conta a impossibilidade de alterar o tamanho da letra, o espaçamento e, claramente, a luminosidade (a não ser que tenha consigo aquelas lâmpadas portáteis) conforme as necessidades de cada pessoa.
Um livro em papel, de qualidade, com letras grandes até pode ajudar quem tem problemas de visão, mas exclui quem tem problemas mais graves. Nesse ponto, ganha o digital com sistemas como o text-to-speech, que convertem texto em áudio.
A leitura no ecrã permite fazer uma procura mais rápida de palavras no dicionário e aceder a vídeos e outros artigos sobre o mesmo tema. Apesar de a experiência de leitura poder ser mais dispersa, também significa que pode tornar-se mais aprofundada.
Veredito final
Como em tudo na vida – tal como sempre ensinaram os sábios –, a melhor escolha está no equilíbrio. Nem muito de um, nem muito de outro. O estudo e a leitura devem ser partilhados entre os dois formatos, tendo em conta as vantagens e as desvantagens de cada modo para cada situação.
Convém lembrar as regras da utilização dos ecrãs e a importância de agendar consultas regulares com o especialista da visão para despistar anomalias visuais. Existem lentes oftálmicas desenvolvidas para o uso de dispositivos digitais que podem ser uma boa ajuda para quem estuda e trabalha diariamente com dispositivos eletrónicos.
– Posicionar o livro abaixo da linha dos olhos
– Ler em ambientes de luz amarela, mais próxima da luz natural
– Fazer pausas de cinco minutos a cada hora de leitura
– Na leitura digital, “obrigar” os olhos a piscar frequentemente
– Para quem usa lentes de contacto, é importante lubrificar mais vezes os olhos