A cada ano, 10 milhões de vidas são perdidas sem necessidade devido à pressão arterial alta no mundo. Ter hipertensão significa correr maior risco de morte ou desenvolvimento de determinadas doenças como insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC), enfarte do miocárdio, insuficiência renal ou perda gradual da visão. Este alerta é da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, que todos os anos celebra, a 17 de maio, o Dia Mundial da Hipertensão.

As comemorações deste ano foram bem diferentes. A Liga Mundial da Hipertensão optou por adiar o dia para outubro. Em Portugal, escolheu-se manter a data mas não houve lugar aos rastreios habituais nem às atividades para a população. No entanto, foi criada a Semana da Hipertensão, de 17 a 22 de maio, para seguir em casa!

O programa inclui sessões de showcooking com a Tia Cátia, sessões de exercício físico Mexer para Viver e até um sketchcom Nilton, para mostrar que com a hipertensão arterial não se brinca! Durante esta semana, pode ainda assistir a palestras sobre como se diagnostica, como se controla, como se previne e como se trata a hipertensão arterial, acompanhadas de sessões de perguntas e respostas, com as dúvidas respondidas pelos membros da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH).

Não podemos esquecer que existe doença para além da covid-19. A SPH deixa o alerta: entre as doenças crónicas não transmissíveis, a principal causa de mortalidade e de incapacidade prematura é a doença cardiovascular, sendo a hipertensão arterial o principal fator de risco. É preciso cuidar a doença, mantendo a medicação e um estilo de vida saudável.



Já mediu a tensão hoje?

A doença é conhecida como “doença silenciosa”. Por norma, não há sintomas na hipertensão arterial. A única forma de saber se tem ou não a pressão arterial alta é através da medição. Por isso, monitorizar regularmente os valores de pressão arterial é tão importante!

Como regra, e segundo a definição da SPH para os valores de pressão arterial no consultório, considera-se estar na presença de hipertensão arterial quando a pressão máxima é maior ou igual a 140 mmHge e/ou a pressão mínima é maior ou igual a 90 mmHge.

Segundo o estudo INSEF 2015, estima-se que a prevalência da hipertensão arterial na população adulta portuguesa seja de 36%, estando 69,4% destes doentes medicados com fármacos anti-hipertensores.


Sete mitos e verdades

  1. A hipertensão arterial não é provocada pelo stress. No entanto, pessoas expostas a stress têm, habitualmente, estilos de vida menos saudáveis que podem, sim, influenciar o risco de pressão arterial alta.
  2. Não é possível sentir que a pressão arterial está a subir. A hipertensão arterial não costuma causar sintomas, sobretudo em hipertensos crónicos. 
  3. Deve praticar exercício físico com regularidade, sobretudo com movimentos aeróbicos – marcha, corrida, natação ou dança ajudam a reduzir os valores de pressão arterial e a controlar o peso.
  4. A hipertensão arterial pode provocar doença renal. Se não for controlada, a hipertensão arterial vai danificando vários órgãos ao longo do tempo.
  5. Meditar pode reduzir a pressão arterial. Vários estudos têm demonstrado que a meditação transcendental pode reduzir, ligeiramente, a pressão arterial, sendo que a prática envolve concentração num som ou numa frase para entrar num estado de relaxamento.
  6. Deve tomar a medicação sempre! Medir a tensão arterial sob o efeito da medicação é uma forma de recolher informações importantes relacionadas com o desenvolvimento da doença, especialmente o controlo. 
  7. Se há historial de pressão arterial alta na família não significa que vai ser hipertenso. A componente genética é um dos fatores de risco, mas tabaco, álcool, sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade são também fatores relevantes a ter em conta.

Alimentação para regular a pressão arterial

Para a Direção-Geral da Saúde (DGS), é tão importante o potássio como o sódio na regulação da pressão arterial, em polos opostos, claro! As recomendações para uma alimentação adequada ditam que deve restringir ou eliminar a ingestão de sódio, ou seja, do sal, tanto adicionado aos cozinhados como o sal presente nos produtos alimentares – e para isso deve verificar sempre os rótulos dos alimentos! Evite os produtos que têm mais de 5% da dose diária recomendada de sódio ou com mais de 1,5 g de sal por 100 g (0,6 g de sódio).

Quanto ao potássio, a DGS indica que é um mineral essencial na regulação da pressão arterial, mas frequentemente esquecido, tanto por profissionais de saúde como pela população em geral. Por isso, devemos garantir na alimentação uma ingestão adequada de potássio! 

Para a redução da pressão arterial e do risco cardiovascular, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão de potássio igual ou superior a 3500 mg/dia para adultos. Felizmente, a alimentação mediterrânica apresenta variadas hipóteses de consumir alimentos ricos em potássio de forma barata, saborosa e facilmente disponível. 

O potássio está presente em todos os alimentos de origem natural, destacando-se raízes e tubérculos amiláceos, hortícolas, frutos, cereais integrais, laticínios e café. Trata-se de um nutriente que apresenta perdas significativas durante a confeção, nomeadamente para a água de cozedura. Por isso, deve dar preferência a métodos que conservem a água, como a sopa de hortícolas e os estufados.

Alguns alimentos ricos em potássio: amêndoa, batata-doce, feijão-manteiga, leite, tomate e romã.



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