Dormir o número de horas suficientes é importante para o nosso bem-estar, mas, mais do que isso, acaba por ser mesmo uma questão de saúde pública. Uma boa noite de sono ajuda a promover a saúde dos indivíduos enquanto atores de uma sociedade global. Pelo contrário, a privação do sono ou o facto de se dormir pouco, assim como de dormir em excesso, tem implicações visíveis na saúde individual e, consequentemente, no modo como nos relacionamos uns com os outros. Mas, na verdade, quanto é “o suficiente”? A resposta faz toda a diferença no nosso dia a dia, mas nem sempre é tão linear como podemos pensar à partida. 

“Um bom sono é um sonho possível” foi o mote que deu corpo a uma campanha de há já alguns anos, lançada pela Associação Mundial de Medicina do Sono, para celebrar, precisamente, o Dia Mundial do Sono (15 de março). E, na verdade, estes são conceitos que nunca como agora estiveram tão presentes na nossa mente. 

Será que, efetivamente, este é um sonho possível? Andamos a dormir as horas que devemos? E, mais do que isso, a descansar realmente como merecemos, quando dormimos? 

A cada idade, seu descanso

Hoje em dia já sabemos que a necessidade fisiológica do sono está diretamente relacionada com a idade de cada pessoa. Assim sendo, à medida que envelhecemos vamos precisando de cada vez menos horas de sono, embora os especialistas defendam que não se deverá dormir menos de sete. 

Os valores não são, obviamente, rígidos, até porque há quem precise de dormir mais horas e quem fique bem com menos horas de sono. Ainda assim, importa seguir mais ou menos as recomendações gerais e comummente aceites. Ora, estas variam entre as 17 horas máximas de um recém-nascido, as sete a nove horas (em média oito) de um adulto e as sete a oito horas dos nossos seniores, com mais de 65 anos. Mas, por exemplo, um adolescente pode chegar a dormir 10 horas.

Estes horários médios variam, como já vimos, com a idade, mas também com outros fatores, tais como a condição física e o estado de saúde de cada um de nós. 

Fatores a ter em conta

No entanto, há agentes intrínsecos e extrínsecos a cada um de nós que acabam por dificultar o sono e impedir que este tenha a duração e a qualidade necessárias para se tornar reparador. 

Um dos mais falados, recentemente, diz respeito às consequências da pandemia covid-19 e ao confinamento a que todos fomos sujeitos. Esta realidade acabou por causar maior instabilidade na vida de todos e elevar os níveis de stress e ansiedade, com consequência direta na qualidade do sono. 

Outras questões a ter em conta são a ingestão de bebidas estimulantes ou energéticas, o consumo de alimentos pesados antes de dormir, a realização de exercício intenso nas quatro horas anteriores a descansar, o número de vezes que se vai à casa de banho durante a noite, ver televisão ou usar o telemóvel mesmo antes de dormir ou ter um ambiente inadequado e com muita luz no quarto. 

Consequências negativas

E, se não estiver as dormir as horas necessárias, o seu corpo rapidamente dá sinal e vai perceber que não está a cuidar de si como deve. A falta de um sono de qualidade reduz a concentração, diminui a produtividade e é um fator de peso para a ocorrência de acidentes rodoviários. 

Poucas horas de sono contribuem ainda para o desenvolvimento de algumas patologias como a hipertensão, a doença cardíaca ou os diabetes, a obesidade, as disfunções psíquicas ou o défice de atenção. Além disso, pode sentir problemas ao nível da estabilidade na memória e no raciocínio, já que o sono limpa o cérebro. 

E, se é bem verdade que termos uma noite mal dormida ocasionalmente não é preocupante, quando a situação se torna recorrente há que procurar ajuda e perceber o que está na base do problema. 


De quantas horas de sono precisamos?l


Recém-nascidos (0-3 meses): entre 14 e 17 horas

Bebés (4-11 meses): entre 12 e 15 horas

Bebés de 1 e 2 anos: entre 11 e 14 horas

Crianças dos 3 aos 5: entre 10 e 13 horas

Crianças dos 6 aos 13: entre 9 e 11 horas

Adolescentes até aos 17: entre 8 e 10 horas

Adultos até aos 64: entre 7 e 9 horas

Seniores (mais de 65): entre 7 e 8 horas

* Fonte: National Sleep Foundation