Inicialmente, as veias dilatadas e os derrames – as varizes e as telangiectasias – não são evidentes, mas à medida que a doença progride, tornam-se cada vez mais notórios. Estes são os sinais mais alarmantes, mas quando aparecem significa que a doença está já num estado mais avançado. É por isso que deve ter em atenção as primeiras queixas mais comuns: sensação de cansaço, peso e dores nas pernas, prurido, inchaço dos pés e tornozelos, dormência e cãibras, especialmente durante a noite.

Os sintomas da doença venosa agravam-se após períodos prolongados em pé e pioram com o tempo e a idade, a menos que se tomem medidas de prevenção ou tratamento adequado.

É muito frequente, com o calor ou depois de muito tempo em pé ou sentado, que apareça o edema venoso – o inchaço das pernas – que se concentra na região do tornozelo e na parte superior do pé. Doloroso e incapacitante, este inchaço piora no fim do dia e tende a diminuir com o descanso. Com o tempo, pode tornar-se crónico.

Em fases mais adiantadas, podem notar-se alterações na cor da pele, que se torna progressivamente mais escura e dura, o que pode favorecer o aparecimento de infeções e até mesmo de úlcera venosa ativa ou cicatrizada. Se não forem tratadas, as varizes podem dar origem a úlceras de difícil tratamento. Em casos graves podem mesmo contribuir para a incapacidade no trabalho ou para desempenhar simples tarefas domésticas. Podem, no limite, evoluir para uma embolia pulmonar ou ainda situações de hemorragia por rotura de uma variz.


Causas da doença venosa

Na origem da doença venosa há sempre um ou mais fatores determinantes, que podem ser de origem genética, associados a um fator circunstancial ou resultado de fatores causais.

Se a genética for a causa primordial, a doença venosa será primária, com evolução mais ou menos lenta, em que a resistência das paredes das veias se vai tornando mais frágil e menos resistente. No caso dos fatores circunstanciais, as varizes podem ser consequência de trombose venosa profunda, traumatismos, terapêuticas hormonais femininas (como a pílula, anel vaginal, implante…!) e gravidez. Já os fatores causais estão relacionados com a obesidade, a posição prolongada em pé, o calor excessivo


A doença venosa deve ser tratada desde os primeiros sinais de evolução e pode ser prevenida se eliminar ou evitar, quando possível, os fatores de risco.

Fatores de risco

1. Idade

As varizes agravam-se com o envelhecimento, mas não quer isto dizer que uma pessoa jovem não as possa ter também.

2. Género feminino

Dois milhões de mulheres portuguesas, com mais de 30 anos, sofrem de doença venosa. É o grupo mais afetado por este problema, sendo a proporção de incidência da doença de sete mulheres para apenas um homem. Em fases de alterações hormonais, as mulheres devem ser mais vigiadas, sobretudo durante a gravidez e na menopausa. Desde a puberdade, a mulher passa por várias etapas de grandes alterações hormonais e é nessas fases em que se tornam mais sensíveis ao desenvolvimento de varizes.

3. Terapêuticas anticoncecionais hormonais

Não só a pílula, mas também todos os outros métodos hormonais fazem parte dos fatores de risco, como o adesivo transdérmico, o anel vaginal, o implante. Estes métodos contracetivos não devem ser indicados a mulheres com tendência hereditária ou que já tenham sofrido vários episódios de trombose venosa profunda.

4. Gravidez

É o período de maior risco. Se não aparecerem na primeira gestação, as varizes podem ainda assim aparecer imediatamente na segunda, com tendência para agravar nas gravidezes seguintes.

5. Exposição ao calor

Este é um fator de risco a ter em conta especialmente nas mulheres que fazem depilação com cera quente ou que se expõem ao sol durante longas horas.

A genética, a idade, a obesidade e o clima hormonal são alguns dos fatores de risco que fazem com que as mulheres sejam o alvo preferido das varizes!


Sintomas de doença venosa crónica


– Sensação de pernas cansadas;

– Dor nas pernas;

– Sensação de pernas pesadas;

– Comichão;

– Pés e tornozelos inchados;

– Dormência nas pernas;

– Cãibras noturnas.


Estes sintomas agravam com o calor e ao longo do dia, aliviando com a elevação ou descanso dos membros. Usar meias de descanso é um dos principais meios de prevenção para o aparecimento de varizes. Devem ser calçadas logo de manhã, mesmo antes de se levantar da cama.


Dicas saudáveis: como prevenir e tratar a doença venosa crónica

1. Eliminar ou minimizar os fatores de risco;

2. Analisar se há na família tendência para o desenvolvimento deste problema;

3. Realizar exames de diagnóstico ou verificar a presença de sintomas;

4. Praticar exercício físico moderado, como marcha, corrida lenta, caminhada junto à água, bicicleta, natação ou hidroginástica;

5. Evitar transportar pesos em excesso ou realizar atividades físicas de musculação ou de grande impacto;

6. Massajar as pernas com frequência;

7. Evitar longos períodos de pé ou sentado, mexendo com frequência os tornozelos e os dedos;

8. Evitar ainda cruzar as pernas quando se senta, que faz com que aumente a pressão na perna e dificulte a circulação do sangue;

9. Durante o repouso, deve manter as pernas ligeiramente levantadas (10 a 15 centímetros) ou pelo menos esticadas em cima de um banco ou cadeira;

10. Procurar lugares frescos e evitar a exposição prolongada dos membros inferiores a temperaturas elevadas (saunas, sessões de bronzeamento, banhos quentes, radiadores, exposição solar, lareiras…);

11. Evitar o uso de roupa apertada ou calçado com salto alto ou muito raso (a altura recomendada é entre 3 e 4 centímetros de altura);

12. Prevenir o excesso de peso;

13. Adotar uma alimentação equilibrada, rica em fibras e fruta e substituindo as carnes vermelhas e gorduras por peixe e carne de aves, assim como evitar fritos e especiarias como a pimenta;

14. Beber cerca de um litro e meio de água e evitar bebidas alcoólicas;

15. Evitar o tabaco, que prejudica a fluidez do sangue no retorno venoso para o coração, agravando o problema a quem sofre de varizes;

16. Toma de medicamentos de eficácia comprovada no alívio de sintomas e na inflamação venosa, sob aconselhamento médico, isto porque os medicamentos diferem entre si e nem todos os produtos existentes no mercado são medicamentos, podendo ser suplementos alimentares;

17. Usar meia elástica, por prescrição médica, com tipo de meia adequada a cada doente, sobretudo durante a gravidez ou em atividades em que permaneça muitas horas de pé;

18. Recorrer à escleroterapia, que consiste na secagem de pequenas varizes, em regra, através da injeção de um agente químico nas veias;

19. Submeter-se a um tratamento cirúrgico, que pode incidir em diversas técnicas adaptadas a cada doente para tratar varizes salientes e possíveis complicações.


Em qualquer fase da evolução da doença, poderá ser adotado o uso de medicação sob aconselhamento médico ou farmacêutico. Para as varizes mais volumosas ou nas varizes dependentes dos sistemas das safenas, a cirurgia poderá ser uma opção de recurso. A secagem e o laser são indicados para o tratamento dos derrames ou para o tratamento de varizes de pequeno calibre. Procure aconselhamento com o seu médico ou farmacêutico.

Os cuidados preventivos facilitam o retorno venoso, diminuem as queixas e o sofrimento, evitam a dilatação das veias e atrasam a evolução da doença, podendo evitar-se a necessidade de intervenção cirúrgica. 


Ver Fontes (2)