Quem é cuidador informal cuida de quem necessita. São familiares e amigos que assumem os cuidados de uma pessoa dependente, fora do âmbito profissional e sem remuneração financeira. São pessoas que, até aqui, não tinham qualquer tipo de direitos.
Não há margem para questionar se estão preparadas para este compromisso. “A maior parte das vezes não há outra resposta!”, reitera a Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI), numa entrevista feita a Sílvia Artilheiro e Maria Anjos Catapirra, respetivamente, presidente e vice-presidente da Associação que colocou o tema na ordem do dia com o Estatuto do Cuidador Informal, aprovado em setembro de 2019.
Apoios insuficientes
“Sempre foi hábito das famílias portuguesas cuidarem dos seus, independentemente das condições”, comentam. Cuidam porque amam e cuidam porque não têm alternativa. Para a ANCI, é claro: há poucas respostas sociais e não há rendimentos para recorrer às que existem.
“O valor médio de pensões é de cerca de 480€, o que não permite a integração dos idosos na maioria das IPSS e lares privados. Ainda há a considerar os doentes com demência. Há apenas uma Unidade de Saúde, em Fátima. Os restantes são privados e com custos exorbitantes”, contesta a ANCI. São “as famílias (que) vão colmatando as falhas do Estado, com um custo extremamente elevado”, esclarece a Associação.
“No caso dos idosos e das pessoas com demência, as famílias não têm apoios para cuidar, nem sequer são capacitadas para o efeito”, afirmam. Seria preciso um apoio social, psicológico e, na grande maioria, financeiro. “O facto de se cuidar a tempo inteiro implica perda de rendimentos pela parte do cuidador, que não é colmatado pelos apoios existentes”, relatam. “Há famílias em carência económica, não permitindo fazer face às despesas básicas de saúde, incluindo a compra de medicamentos. Muitas vezes têm de decidir entre comprar a medicação ou os alimentos”, acrescentam.